domingo, 25 de julho de 2010
Ícones Americanos: Challenger
Vendo as outras marcas americanas vendendo Mustang, Camaro e Firebird como pão quente, e tendo o Charger para um público um pouco mais refinado, a Chrysler queria fazer um carro despojado, bonito, pequeno (para os padrões americanos, diga-se de passagem) e de mecânica robusta. Em 1970, ela lança o seu pony car, o Challenger, cujo nome significa "desafiador". Foi projetado por Carl Cameron, que projetara o Charger alguns anos antes. Ironizava o conceito de pony car (carro-pônei) usado pela Ford com o Mustang, trazendo nas propagandas a frase: "Esse pônei tem cavalos".
Trazia um belo design aliado à potência: frente longa e traseira curta, possui dois faróis de cada lado e grade contornada por um cromada estavam recuados, em relação à carroceria. Para-choque frontal cromado, lateral limpa, e traseira com lanternas afiladas e longas, também recuadas em relação à carroceria, completam o conjunto. No interior, acabamento simples, painel com mostradores circulares à frente do motorista e conforto médio. Possuía várias motorizações: um seis cilindros em linha de 198 pol³ (3.2) de 101 cv de potência bruta (para quem não leu a história de Camaro e Mustang, até 1971, toda potência divulgada era em potência bruta. Em potência líquida, a adotada desde 1971, os valores seriam menores). Outro seis cilindros em linha era um 3.7 de 145 cv e 29 kgfm de torque. Ainda haviam 3 V8: 312 pol³ (5.2), com carburador de corpo duplo, gerava 233 cv e 44 kgfm. Ainda havia um 340 (5.6), de carburador de corpo quádruplo, que gerava 278 cv e 54 kgfm. Para completar, também era oferecida o 383 (6.3), com 334 cv e 58.7 kgfm. Todos possuíam o comando de válvulas no bloco, e podiam se acoplados à duas transmissões diferentes: uma manual de 4 marchas e outra automática, TorqueFlite, de três. Exclusivo da R/T, ainda haviam mais 2 motores, fora o 383: o 440 Magnum (7.2) de 380 cv e 66 kgfm, que ainda poderia receber o Six Pack (3 carburadores de corpo duplo), gerando 395 cv e 67,7 kgfm. A outra opção era o 426 Hemi, 7.0, com câmaras de combustão hemisférica e 430 cv e 67,7 kgfm. Essas duas opções de motorização, a primeira com o Six Pack, podiam receber o Shaker hood, um capô que se movia enquanto o motor funcionava.
No primeiro ano, vendeu 76 mil unidades, das versões SE, R/T (Road and Track, estrada e pista) e R/T SE. Durante esse primeiro ano de vida, o Challenger ainda ganhou a versão T/A, ou Trans Am, em alusão à SCCA (Sport Cars Club of America). Trazia o V8 340 com o Six Pack, que gerava 290 cv e 47 kgfm. A versão R/T podia vir nas versões cupê ou conversível, essa última mais rara. Dentre os opcionais, estavam teto de vinil, bancos em couro (esses, do pacote SE), teto solar, vidros elétricos, ar-condicionado, defletor dianteiro e traseiro, e rodas aro 14" ou 15".
Em 1971, graças às novas normas de emissão, o chumbo tetraetila é retirado da gasolina, o que abaixou a sua octanagem, que obrigou taxas de compressão menores. Isso fez com que todos os motores perdessem potência. Agora, os motores do Challenger ficavam assim: o 198, seis cilindros em linha, com 125 cv, outro 6 cilindros, o 225, com 145 cv, o V8 318, carburador de corpo duplo e 230 cv, o 340 de corpo quádruplo e 275 cv, o 383, com carburador de corpo duplo (275 cv) ou quádruplo (300 cv), o 426 Hemi, com dois carburadores quádruplos e 425 cv e o 440 Six Pack, de 390 cv. Por fora, recebia uma pequena alteração na grade. Nesse ano, a marca vendera apenas 29.800 Challengers, o começo do declínio do carro e também de outros esportivos da época.
Em 1972, a potência passava a ser medida em potência líquida, havia cada vez mais pressão por parte dos ambientalistas e pelas seguradoras, que cobravam cada vez mais por carros mais potentes, o Challenger perdia o motor Hemi e também a carroceria conversível. os motores passavam a ser apenas 3: o seis cilindros 225, de 110 cv, e os V8 318, de carburador duplo e 155 cv, e o 340, com carburador quádruplo e 235 cv. As versões passavam a ser apenas duas, a básica, sem nome, e a Rallye.
Em 1973, o 225 dava adeus ao Challenger, restando apenas os V8. Ele ainda ganhava novo parachoque mais robusto, por normas governamentais. Nesse ano, o carro vendera um pouco mais que no ano anterior, 32.596 unidades. No ano seguinte, ele ganhava um novo motor, o 360, que substituía o 340. Ainda ganhava, como opcional, pneus radiais. Infelizmente, nesse ano, o carro morria, com 16 mil unidades produzidas. Um belo carro, que chegara tarde demais ao mercado.
4 anos depois, em 1978, o nome Challenger voltava. Apenas o nome, pois, para a infelicidade dos fãs, era o Mitsubishi Galant Lambda GSR, vendido nos EUA como Dodge Challenger, por causa de uma parceria entre as duas marcas. Possuía um design típico da época, linhas retas, dois pares de faróis retangulares, parachoque cromado, boa área envidraçada. Tinha duas opções de motorização: um 4 cilindros, 2.0, de ínfimos 77 cv, e outro, também 4 cilindros em linha, mas 2.6 e com 106 cv. Ambos podiam ser acoplados a um câmbio manual de 5 marchas ou automático de 3. Seus principais concorrentes eram japoneses, que invadiram o mercado, como Honda Prelude, Toyota Celica e Nissan 200 SX. Nos anos seguintes, o motor 2.0 deixava de ser oferecido. Em 1984, o Challenger morria novamente.
Em 2008, com a onda de carros retrô, a marca decide voltar com o Challenger. Ele seguia bem as linhas do primeiro modelo, sem heresias, com o visual muito parecido, mas mais "musculoso": dois pares de faróis redondos e grade recuados em relação à carroceria, lanternas horizontais afiladas e discreto aerofólio. O interior estava muito mais moderno em relação ao "verdadeiro" Challenger, a primeira geração: bancos em couro, volante de 4 raios, com comandos de rádio e outros, 4 mostradores à frente do motorista e até uma tela de navegação no centro do painel. As rodas são aro 20", mas apenas as de trás tracionam.
Inicialmente, estava somente disponível na versão SRT8, a mais esportiva de todas. O motor era um Hemi V8, 6.1, 431 cv e 58 kgfm, e só possuía câmbio automático de 5 marchas, mas ganharia, opcionalmente, câmbio manual de 6 velocidades, pouco tempo depois. Disponível apenas nas cores preto, laranja e prata, fazia de 0 a 96 km/h (60 mph) em 5 segundos. Pouco tempo depois, ganhava as versões SE e R/T, assim como a primeira geração. A SE vinha com um V6, 3.5, 253 cv, e câmbio automático de 4 marchas. Já a R/T vem com outro Hemi V8, mas um 5.7 de 375 cv, com as mesmas opções de câmbio da SRT8: manual de 6 ou automático de 5. Ambos os motores Hemi possuem câmaras hemisféricas. As primeiras 6400 unidades, de tão especiais para a marca, possuíam uma placa com o seu número de fabricação, e a primeira unidade foi leiloada por 400 mil dólares, 10 vezes mais do que o valor previsto para a venda nas concessionárias.
Desde então, já houveram muitos comparativos entre os 3 concorrentes : Challenger, Camaro e Mustang. Indicarei um vídeo, dentre muitos que têm no YouTube. Para assistir, clique aqui. Também indicarei uma reportagem da Auto Esporte, a origem da foto acima. Clique aqui para ler.
Bem, é isso. Antes de escrever essa matéria, não sabia nada da história do Challenger, por isso está sendo interessante para mim, e tenho certeza que está sendo para muitos leitores também. A próxima postagem será sobre o carro que muitos consideram o carro esporte americano, o Corvette.
Até a próxima!
Fontes: Best Cars Web Site, Quatro Rodas, Net Car Show
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